Faça-se a luz, o chuveiro, a tomada…

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É estranho, sim: como é que só no final, depois de tanta coisa que precisou de ferramentas, é que se fala em instalação elétrica? Pois é. Culpa das luminárias e dos espelhos, das plaquinhas de plástico que emolduram tomadas, interruptores, etc. Não adianta instalar isso tudo antes de pintar a casa — e de nada adianta gastar uma bolada comprando o material elétrico antes da hora, como eu já fiz. As ferramentas, o pessoal liga com uma gambiarra nos fios que foram usados para a betoneira. Essa fase também exige generosidade na escolha de materiais, como fios, disjuntores, etc. Em hipótese ALGUMA se deve subestimar o que o engenheiro recomendou e comprar fios mais finos e disjuntores de maior potência, e as mudanças no projeto original devem ser muito bem discutidas com o eletricista responsável, para que ele já instale a fiação de acordo com as novas exigências.

  • Comprar cabos flexíveis grossos, também conhecidos como Sintenax, para ligação dos quadros de distribuição ao relógio. As cores são importantes: compre n do verde, n do azul e 3n do preto. Os cabos com bitola de 10mm são usuais para casas pequenas; 16mm para casas grandes; 25mm para prédios. Se você acha que o projeto exagerou na bitola dos cabos (como aconteceu comigo), discuta isso com o responsável técnico. E lembre-se que de nada adianta ter cabos grossos do relógio ao quadro de força, se os cabos que ligaram o poste ao relógio forem mais finos.
  • Comprar os fios de acordo com as cores e espessuras definidas no projeto, fita isolante (comece com 5 rolos de 20m: por mais fita isolante que se tenha, o pessoal da obra SEMPRE vai usar tudo e ainda vai pedir mais), graxa ou vaselina para passar os fios pelos conduítes, luminárias de teto e parede, lâmpadas, fita crepe.
  • Comprar os interruptores, tomadas, botões, etc. Os engenheiros costumam usar designações para os interruptores como “simples” e “three-way”, que são diferentes das designações dadas pelos fabricantes. Interruptor simples é… interruptor simples. Já o 3-way é encontrado como “interruptor paralelo”, e serve para ligar ou desligar uma lâmpada ou equipamento que pode ser comandado também por outro interruptor. O “interruptor intermediário” é também chamado de “4-way” e “chave cruz”, e é usado principalmente em escadas e corredores longos: com ele, é possível apagar uma lâmpada e acender outra em seqüência. Existem também os “interruptores bipolares”, simples ou paralelos, que podem ser usados, por exemplo, num banheiro sem janelas, em que o comando da luz também deve acionar um exaustor.
  • Comprar os disjuntores, conforme definido pelo projeto. Existem os de padrão DIN, normalmente brancos e em amperagens que não são bem do padrão que os engenheiros brasileiros usam; e os disjuntores NEMA, aqueles tradicionais pretos e um pouco maiores que os DIN. Cada fabricante obviamente defende seu padrão como o melhor, mas na prática, por enquanto, não há vantagem em um ou outro. A importância da escolha do padrão está ligada à escolha do quadro de distribuição que foi comprado, pois os disjuntores NEMA e DIN têm encaixe e parafusamento diferentes. Os DIN ocupam menos espaço no quadro: um quadro para 12 disjuntores NEMA pode abrigar 16 disjuntores DIN, com o uso de um adaptador, normalmente incluso no quadro. NUNCA se deve comprar disjuntores de capacidade maior do que a estabelecida no projeto, e também é fundamental verificar se existe um disjuntor exclusivo para cada equipamento de maior potência, como chuveiros.

Exigir do eletricista que todos os pares de fios que ligam tomadas e interruptores sejam identificados nas pontas (com fita crepe ou alguma tinta). Isso facilita muito a manutenção posterior, caso necessário.

Por onde começar?

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O mestre de obra passa a impressão de que você já devia comprar tudo logo de uma vez, menos o cimento, que estraga em 30 dias. Você tem a sensação de que já deve definir, antes mesmo de sair do chão, o material que vai usar nas janelas. Em que hora você deve se preocupar em comprar as portas? E que diabo de peça é essa que o pedreiro pediu pra poder montar o vaso?

Na construção da minha casa, eu tive que terminar uma parte dela primeiro, e isso me serviu de orientação básica para a construção do resto da casa. Em linhas gerais, tanto faz o tamanho da casa e o número de andares — os princípios são os mesmos, apenas as quantidades são diferentes. A organização da obra vai da necessidade de cada um. Uma pessoa, por exemplo, pode querer terminar todo o piso térreo, para já morar nele enquanto constrói os outros andares. Ou se pode também querer erguer a casa inteira até o telhado só na alvenaria, para depois passar à etapa de reboco e instalações, por exemplo.

Mas, posso dizer com a minha atual e ainda pequena experiência, o importante é começar. Entre tudo que é necessário para isso, estão a paciência, uma boa cautela financeira, muita organização, e uma boa preparação psicológica.

 

Antes de começar

Você certamente já tem uma idéia de como é a casa que você quer, não é? Se você é nerd como eu, certamente já tentou até mesmo esboçar algumas plantas baixas e maquetes em 3D com softwares de arquitetura como Floorplan, 3D Home, Chief Architect e outros. Ou talvez tenha apenas feito alguns desenhos em papel mesmo. Mas, se você não é tão sonhador assim, talvez você tenha simplesmente adorado uma casa que viu numa revista de arquitetura, e resolveu copiar o projeto dela igualzinho.

Pois bem: ótimo que você já saiba o que quer, mas contrate um arquiteto. É caro? É sim. Muitos se acham os próximos Niemeyers e você poderá ter a sensação de que o arquiteto quer te cobrar preço de um projeto de shopping center pela sua casa. Mas pesquise, encontre um arquiteto experiente e sem frescuras, e isso vai valer MUITO a pena. Se você já tiver os tais esboços que mencionei, ótimo, não se envergonhe e mostre a ele as suas idéias — você pode pensar que elas parecerão ridículas para um arquiteto de verdade, mas elas darão a ele uma boa noção de o que é que você está imaginando. Deixe que ele faça propostas, discuta com ele o que você aceita ou não aceita, o tipo de acabamento que você imagina, até mesmo um pouco dos seus planos futuros, como ter um atelier, um laboratório de fotografia ou um barco. No fim das contas, você vai ter em mãos um projeto já bastante definido, corretamente dimensionado, e que vai poder ser executado praticamente sem grandes mudanças durante a obra — ou seja, só isso já vai economizar tudo que você pagou ao arquiteto. Mais ainda, um projeto completo já vai vir com as plantas das instalações de água, elétrica, telefone, etc., e talvez até mesmo algum detalhamento sobre o acabamento, as escadas da casa, as bancadas de pias, etc. Definitivamente, não se faz uma obra só a partir de uma planta baixa.

Existem em alguns sites e nos classificados dos jornais alguns arquitetos que vendem, a preços bem mais em conta, projetos completos já prontos. É como se fossem “projetos de casas pré-moldadas”, e, mesmo sendo algo bastante improvável, vamos supor que você encontre um que considere perfeito. Ainda assim, você vai precisar do cálculo estrutural, que é tão ou até mais importante que o projeto em si. Parece compensador, fácil e barato fazer uma fundação comum, subir colunas de ferro e concreto acompanhando a espessura dos tijolos, mas se você fizer isso você rapidamente vai se arrepender. Normalmente o projeto de fundações e cálculo estrutural é feito por um engenheiro especializado, que possivelmente deverá ser pago à parte do projeto arquitetônico. Vale a pena: não tente economizar aqui.

 

Dinheiro

Falando em economizar, dinheiro é sem dúvida o grande problema de qualquer obra. Na verdade, obra só é mais barata do que comprar uma casa pronta (e, mesmo assim, nem sempre). Parece algo impossível de se realizar no começo, mas as seguintes dicas podem ajudar:

  • Antes de começar, junte o máximo de dinheiro que puder, pelo máximo de tempo que for possível. Faça a maior economia da sua vida e, com isso, evite ao máximo, e enquanto puder, cair na tentação de pegar um empréstimo bancário, ou pagar as contas da obra com cartão de crédito em prestações a perder de vista. Você sabe tanto quanto eu que banco nenhum é bonzinho e os juros não são brincadeira. O que acontece se você cair na tentação de pegar um empréstimo já no começo da obra? Tudo fica parecendo maravilhoso no começo: você tem bastante dinheiro para a fundação, a mão de obra, etc. Só que aquele montão de dinheiro vai embora rapidinho, e então você vai se ver devendo as calças a um banco, e sem dinheiro para comprar mais material e pagar a mão de obra. É praticamente a falência, e eu já cansei de ver gente vendendo casa pela metade porque não deu conta de pagar. Por isso, deixe para pegar um empréstimo, se for realmente necessário, só no fim da obra, na fase de acabamento, que é realmente a mais salgada mas pode esperar caso o dinheiro acabe antes da hora. E, se possível, antes de ir a um banco procure um amigo ou parente que tenha dinheiro e que confie em você. Qualquer coisa é melhor do que cair na ciranda do mercado financeiro!
  • Divida a obra por etapas e já planeje de antemão algumas paradas estratégicas para “respirar” financeiramente. Não tente tocar a obra sem ter uma confortável reserva de dinheiro que lhe permita comprar material “de emergência” — coisas como 20 sacos de cimento ou duas latas de verniz para ontem, coisa que acontece o TEMPO TODO numa obra, e que NUNCA vai te custar só dez reais. Algumas fases da construção são extremamente sugadoras de capital — o telhado, por exemplo — e depois delas é altamente recomendável você parar a obra, dispensar o pessoal por pelo menos uns 3 ou 4 meses, tentar economizar o máximo que puder do seu suado salário, e só então retomar a construção. Se você não fizer isso, tenderá a cair na tentação de pegar um empréstimo, e aí a bola de neve começa a rolar.
  • Onde que dá para economizar? Nos próximos artigos, tentarei indicar, sempre que possível, o que pode ou não sair mais barato. Entenda que uma casa é um tremendo patrimônio, que poderá ser seu pelo resto da vida, e por isso muitas vezes vale a pena gastar um pouco a mais e ter algo de qualidade que não vai lhe causar problemas tão cedo — e muitas vezes esse “um pouco a mais” é realmente pouco. Por outro lado, algo mais caro não é necessariamente de melhor qualidade, e muitas vezes a gente não percebe que, além do gasto inicial com a compra do material, também é preciso pensar no custo da mão-de-obra para trabalhar com esse material e, principalmente, na manutenção futura que poderá ser necessária. Você vai ver que atualmente tem muita coisa em construção que é pura esbanjação.

O passo a passo de uma obra

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Atenção: Esta página está sendo desmembrada em artigos separados, e enquanto este processo não termina, estarão faltando aqui os trechos que foram movidos. Esta versão tem problemas técnicos de formatação e está desatualizada. Acompanhe nos próximos dias a publicação dos novos artigos.

 

 

Passos iniciais e fundação

Uma fundação mal feita, e babau — você terá uma casa com rachaduras, incapaz de suportar uma reforma que envolva a construção de um andar superior, ou até mesmo problemas estruturais graves que podem efetivamente condenar a casa. Por isso, não tente fazer economia impensada nesta fase. Os primeiros passos serão simplesmente fundamentais para o restante da obra.

  • Depois de limpar o terreno (medida número um), veja se é preciso corrigir desníveis com aterro. Lembre-se de manter o terreno, sempre que possível, acima do nível da rua, para evitar que a água das chuvas entre nele e inunde sua futura casa! Além de jogar a terra, é preciso compactá-la muito bem. Muitas vezes o pessoal que vende aterro trabalha em conjunto com alguém que tem um rolo compressor.
  • Instalar o ponto de luz, isto é, a “casinha” onde fica o relógio medidor de consumo e o disjuntor principal da casa. Não é algo exatamente barato, principalmente por conta dos fios e da ligação que deve ser feita ao poste da rua. A lista de materiais exigidos, fora os óbvios tijolo/areia lavada/cimento, normalmente pode ser encontrada no site da companhia de eletricidade do estado. Aproveite a visita à loja de materiais elétricos e compre, além dos materiais exigidos para a casinha, também um disjuntor tripolar, fita isolante e cabo, de pelo menos 10mm, dividido em três pedaços equivalentes à metade do comprimento do terreno. Esse material extra será necessário, depois, para ligar equipamentos como betoneira, compactador, perfuratriz de sondagem ou de fundação, etc.
  • Contratar uma empresa especializada em sondagens de terreno é fundamental. Na verdade, isso já deve ter sido feito antes mesmo da fase de projeto da casa, mas se você comprou um terreno novo e quer aproveitar um projeto que já estava pronto, pode ser preciso redesenhar o projeto de fundação. É uma empresa assim que pode descobrir as características do terreno, e o laudo de sondagem é a informação básica para que o engenheiro calculista defina o tipo de fundação mais adequado. O custo de uma sondagem é de aproximadamente R$ 800,00 (valores de 2006, em Brasília), o que não é exatamente barato, mas que vale muito a pena se considerarmos os riscos de uma fundação mal feita.
  • Sabendo-se o tipo de fundação que será utilizado, é preciso pegar, com o engenheiro calculista, o engenheiro RT ou o mestre de obra, os quantitativos dos materiais que serão utilizados, e comprá-los — basicamente, areia lavada, cimento, brita e ferros de diferentes medidas. Normalmente, pela quantidade baixa, não é vantajoso comprar concreto usinado (pronto). Por isso, pode ser necessário também alugar uma betoneira para misturar o concreto.
  • Caso a fundação definida pelo projeto seja de estacas com mais de 3m de profundidade, ou de estacas Strauss (usadas quando é preciso passar do lençol d´água), é preciso contratar uma empresa com o equipamento para a furação. Pode ser que a mesma empresa que fez a sondagem também faça esse tipo de serviço.
  • Definir com o mestre de obra como fazer o barracão, que será usado para guardar o material para o início da obra. Muitas vezes os mestres de obra já têm o material para fazer um barracão simples, mas pode ser preciso comprar chapas de madeirite, telhas de fibra, pregos, duas ou três dobradiças para a porta, e uma corrente com cadeado para fechá-la. NUNCA se pode deixar saco de cimento em contato direto com o chão!

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Baldrame (vigas de piso)

Baldrame, alicerce, chame como quiser — trata-se do “pé” da casa. Lembrando que “vigas” são iguais às colunas, só que ficam na horizontal, o baldrame é o conjunto de vigas interligadas que se sustenta sobre a fundação. A maior atenção que se deve ter nessa fase e na próxima (a construção do contrapiso) é com a impermeabilização, para evitar que as futuras paredes tenham aquele nada simpático tom verdinho que tanto desagrada os alérgicos.

  • Compre os tijolos que serão usados nas paredes. O engenheiro e o mestre de obra podem indicar quais são os tijolos mais adequados — nem sempre o melhor é o tijolo furado de 20x20x10cm, o mais comum e barato. Isso porque as colunas e vigas devem ter, segundo as normas atuais de engenharia, 12cm de espessura. A diferença na espessura dos tijolos e das vigas significa que você vai gastar mais madeira para fazer as formas das colunas, porque elas precisarão ter um “dente” de 1cm de cada lado da parede, e depois esse centímetro de desnível nas paredes terá que ser compensado com reboco, que é bem caro. Pode ser vantajoso comprar tijolos de 12cm de largura, mas eles são mais caros e bem mais difíceis de encontrar, o que significa a necessidade de encomendar com 20 ou 30 dias de antecedência.
  • Marcar, ainda na planta, onde ficarão as esperas de água, esgoto (inclusive os tubos de respiro, que devem subir até o telhado e são necessários para evitar mal cheiro nos banheiros), telefone, TV e energia, que precisam passar pelas vigas e colunas. Não é nada recomendável quebrar uma viga ou coluna já construída para passar canos por dentro delas, porque isso afeta e muito a estrutura. Momento para pensar longe: é preciso definir logo se as pias de cada banheiro desse piso serão de coluna ou bancada. Isso porque é preciso deixar a espera de esgoto para a pia de acordo com o modelo: para coluna, a saída pode ficar no chão, próxima à parede, seguindo direto para o ralo sifonado; enquanto a pia de bancada exige saída na própria parede, onde será encaixado o sifão do ralo, e a respectiva tubulação passando pela parede e pela viga inferior.

  • Comprar os ferros para as vigas e também para, pelo menos, a metade de cada coluna. Isso porque a ferragem das colunas já é amarrada e concretada nas vigas, cabendo ao pessoal, depois, apenas amarrar mais ferros para subir as colunas até a altura do teto. Também é preciso comprar, geralmente, cimento, areia lavada, Vedalit para impermeabilizar, tábuas de diversas medidas para as formas de vigas e colunas, arame recozido, linha, prego 17×27, lápis de carpinteiro, trenas e esquadro.

  • Comprar também, ou arranjar de algum lugar, alguns pedaços de canos que poderão ser colocados como esperas para a tubulação e os conduítes. Pode-se usar somente canos de esgoto, que são mais baratos, para que os canos de água fria e quente passem por dentro deles; ou pode-se já de cara comprar canos na mesma medida e especificação dos que serão utilizados — nesse caso, será preciso ligá-los ao resto do encanamento usando luvas, que serão tratadas posteriormente.

  • Conferir e discutir com o mestre de obra os níveis da casa em cada cômodo. Quando há diferença de nível, é preciso redobrar a atenção para a existência de vigas que ficam em níveis diferentes.

  • Antes de concretar, conferir as esperas das ferragens para a construção das colunas.

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Contrapiso

O contrapiso é a primeira camada de concreto que se lança sobre a terra nua para formar aquilo que depois chamamos de piso. Não é preciso que seja muito grosso, ou de concreto muito forte, e também não precisa ser absolutamente lisinho e nivelado. Nesta etapa é preciso observar bem o que o projeto define como tubulação subterrânea e tomar os devidos cuidados para impermeabilização. Esta etapa é bem rápida, coisa de três dias mais ou menos.

  • Comprar toda a tubulação de esgoto que corre pelo piso: ralos, caixas sifonadas, caixas de gordura, tubos, joelhos, luvas, tampas para caixas de inspeção, etc), com alguns caps de diferentes medidas. Esses caps são peças no mesmo material dos canos, que servem para tampá-los durante a obra. Isso é importantíssimo para evitar que caiam concreto e outras sujeiras nos canos, o que comprometeria MUITO as saídas de esgoto e causaria entupimentos constantes. Também é preciso comprar algum material de eletricidade: conduítes (mangueiras corrugadas ou eletrodutos) para as fiações, já em quantidade suficiente para as fases de alvenaria e reboco; fita isolante para amarrar os conduítes; e o material necessário para fazer o sistema de aterramento elétrico da casa, fundamental para evitar que raios queimem sua geladeira e seu computador. Normalmente é suficiente comprar alguns metros de fio de cobre desencapado de 8mm ou 10mm (comumente chamado de cordoalha) e três estacas de cobre.

  • Se este contrapiso tem contato direto com a terra, uma boa dica de impermeabilização é comprar uma tesoura e lona — sim, aquela lona preta. Mas não é qualquer lona, não: lona é fabricada em diferentes espessuras e a mais adequada é a de 20 micrômetros (simplesmente, 20 micra).  Ela é vendida em rolos, com 4m ou 8m de largura, devidamente dobrados para facilitar o transporte, e não é preciso contratar frete para isso. É preciso comprar pelo menos o dobro da medida da área construída, porque essa lona será colocada em duas camadas sob todo o contrapiso e contornando, por cima, as vigas do baldrame.E, é claro, o pessoal da obra sempre vai achar alguma outra aplicação para lona, como fazer uma barraquinha com sombra ou cobrir os tijolos.

  • Conferir previamente o posicionamento dos quadros de energia, telefone, comunicação e antenas, para passar logo os eletrodutos subterrâneos que forem necessários.

  • Definir os desníveis que separarão os cômodos. Nem sempre eles estão no projeto, e poucas coisas são tão irritantes quanto água escorrendo para a sala quando se lava a cozinha, por exemplo. O nível final será dado numa fase seguinte, antes do assentamento do piso, mas definir os níveis aqui poupa material.

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Alvenaria

Aqui é quando a obra FINALMENTE parece estar andando — até agora, você gastou OS TUBOS de dinheiro e ainda não teve a sensação de estar fazendo algo de útil. É a etapa de subir as paredes, de botar tijolo sobre tijolo. Os cômodos surgem, já dá para ter uma certa noção de espaço (mas sempre parece menor do que é na verdade, não se iluda!), e é uma fase rápida. Atenção em duas palavras mágicas: esquadro e prumo. Os pedreiros e o mestre de obra devem estar muito atentos a isso. O esquadro é a angulação entre uma parede e outra, como se a obra estivesse sendo vista do alto. Normalmente é de 90 graus, pode ser intencionalmente diferente disso, mas a mínima diferença em relação ao previsto significa que você vai ter que fazer um cômodo “torto”, com aquele piso que numa ponta tem 10 azulejos e na outra ponta tem 10 e meio. Já o prumo é o alinhamento vertical da parede: a não ser que o seu arquiteto e você gostem de coisas exóticas, parede boa é parede retinha, e não uma que parece que vai cair.

  • Comprar cimento, areia lavada, areia rosa, brita, arame recozido, pregos e tábuas para as formas das colunas. Também é preciso comprar ferros para as colunas, para as cintas (que são as vigas do alto das paredes, onde o telhado se sustenta) e para as vergas e contravergas, nomes quase indecentes para pequenas vigas ou barras que ficam no alto e embaixo de cada janela ou porta. Elas nem sempre são definidas no projeto estrutural da casa e isso faz com que normalmente falte ferro no fim da obra. Mas, sem elas, surgem aquelas rachaduras diagonais que saem dos cantos das esquadrias e se espalham pela parede — um detalhe de acabamento que ninguém gosta.

  • Conferir ou definir, antes de começar, a altura de cada cômodo. Isso é o chamado “pé-direito” da obra, sabe Deus por quê. Nem sempre o projeto é detalhado em relação a isso, e é preciso considerar coisas como desníveis existentes na casa (um cômodo pode ficar com altura boa mas outro ficar baixo demais) e a existência de tubulação de esgoto no andar superior (que vai exigir o uso de forro no teto). A medida normal fica entre 2,60m e 2m90.

  • Conferir o local exato e o tamanho das esquadrias, inclusive o posicionamento e tamanho das vergas e contravergas.

  • Mesmo quando não há andar superior, as paredes não acabam depois que chegam à altura da laje — elas devem seguir até o telhado, dependendo do desenho adotado pelo projeto. Nesse caso, é preciso conferir até que altura elas vão seguir, e a inclinação que devem proporcionar ao telhado.

  • Ao se chegar no alto das paredes, antes de construir as cintas, é preciso conferir DE NOVO os pontos das colunas e das vigas superiores que devem ter esperas para água, esgoto e conduítes de energia, telefone, antena, etc.

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Laje

Imortalizada por Caco Antibis, o personagem de Miguel Falabella no extinto programa Sai de Baixo, a laje é o teto da casa, sob o telhado — a não ser, claro, que o projeto dispense a laje e use somente um forro, ou o telhado aparente. A laje é normalmente necessária quando há um andar superior — nesse caso, é a chamada laje de piso, mais forte e mais cara do que a simplória laje de teto, usada com a mesma função do forro.

É muito arriscado, e freqüentemente impossível, mudar uma laje depois de pronta, porque ela é elemento estrutural na sustentação da casa. Uma laje comum é composta por três elementos. As vigotas são barras de concreto e ferro que são passadas por todo o telhado, por baixo das barras de ferro que ficam no alto das cintas. Elas são compradas sob medida — o fabricante deve visitar a obra para calcular o comprimento e o tipo de ferro que será usado nas vigotas — e são elas que definem a qualidade de uma laje. As lajotas servem apenas como suporte: elas são como tijolos e são apoiadas entre as vigotas, para que depois se cubra tudo com concreto. Hoje as lajotas mais comuns são de cerâmica e de isopor. As duas têm preços iguais ou bem próximos. Enquanto as lajotas de isopor são bem mais leves (claro) e ajudam muito para o isolamento de calor e de barulho entre os andares, elas não são boas para reboco de cimento no teto — nesse caso, recomenda-se usar forro ou um material chamado gesso-cola para o teto. Por fim, o último elemento da laje é o concreto por cima dela, que deve seguir exatamente as orientações do engenheiro quanto a espessura e resistência (determinada pela proporção entre água, cimento, brita e areia).

  • Encomendar a laje ainda durante a fase de alvenaria, pois ela demora alguns dias para ficar toda pronta. Se você pensa em usar beirais, que ficam por baixo do madeiramento do telhado nas partes em que eles se estendem além das paredes, avise a empresa, porque poderá ser necessário aumentar o cálculo da área da laje.
  • De material elétrico, comprar as caixinhas octogonais de altura dupla que são usadas para fixar luminárias de teto, e mais conduítes se necessário. Quem quiser pular etapas, pode aproveitar o embalo para comprar também as caixinhas de parede que serão usadas para tomadas e interruptores (simples ou duplas) e para luminárias de parede (octogonais de altura simples, pequenas ou grandes).

  • Comprar escoras de madeira, tambem chamadas indecentemente de paus roliços. São usadas para apoiar a laje depois que ela é montada e concretada, e devem ficar montadas por pelo menos 30 dias para garantir a secagem da laje.

  • Se houver andar superior, comprar toda a tubulação de esgoto que será usada, com os respectivos caps de proteção.

  • Onde houve banheiro ou uma varanda aberta, pode ser preciso tomar alguma medida para impermeabilização da laje, que pode ser com lona ou com algum produto específico. O engenheiro RT pode dar umas boas dicas sobre isso.

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Telhado

Se não houver outro andar, já é hora de fazer o telhado — assim, pode-se continuar o resto do trabalho sem preocupação com chuva, e a própria obra pode servir de depósito para mais material. O telhado, porém, costuma ser caro, principalmente quando é dos tradicionais, com madeira e telhas de cerâmica. Existem telhas de vários formatos, tamanhos e cores, e das medidas delas é que se tira a conta do madeiramento que será necessário — também em diversas madeiras existentes. As combinações são inúmeras. Para minha casa, adotei telhas do tipo americana — parecem as coloniais, mas são grandonas, com menos peças por metro quadrado, e por isso são mais leves e, mesmo sendo mais caras por milheiro, saem mais em conta. Ah, na cor mesclada, aquela branca que parece queimadinha na outra ponta. Para madeira, dado o preço salgado do tradicional e ultra-resistente ipê, usei angelim vermelho — uma madeira bem forte, que não agrada os cupins, e que vem sendo muito adotada no lugar do ipê. Mas tem a característica de feder a chulé enquanto não está devidamente seca…

O material é relativamente fácil de encontrar e, dependendo da escolha, não precisa ser comprado com tanta antecedência. Mas é preciso pegar no pé do mestre de obra ou do engenheiro RT para se fazer a lista de materiais necessários, que normalmente não são definidos nas plantas do projeto.

  • Comprar madeiramento com pelo menos 3 dias de antecedência, duas brocas longas para madeira, um disco de serra para madeira e um para cerâmica, disco de lixa (com disco de borracha), barra rosqueada do diâmetro da broca com as respectivas arruelas e porcas (sai mais barato que comprar parafusos), pregos para as ripas, telhas (pelo menos 2 dias de antecedência), cumeeiras das telhas (são vendidas por unidade).

  • Como eu já disse, existem muitas opções para o madeiramento, mas os principais e mais recomendados são o ipê, o angelim, o cumaru (também chamado de ipê-champanhe, mais claro e um pouco menos resistente que o ipê comum) e maçaranduba. Você já deve ter lido em vários lugares para comprar madeira já envelhecida e seca, que não empena, mas eu não encontrei nenhuma madeireira que tivesse material assim, porque elas não se arriscam a trabalhar com estoque grande e a rotatividade do material é alta. O que você pode fazer é já deixar acertado que, em caso de empenamentos, o material terá que ser trocado. Se a madeireira não aceitar essa condição, procure outra! E, se o telhado não é aparente, considere com carinho a opção de usar estrutura metálica em vez de madeira — o número de empresas especializadas é crescente e os preços estão ficando bem melhores, “as vezes até mais em conta do que madeira. Só que, nesse caso, a instalação não será feita pelo pessoal do mestre de obra, e sim pela empresa.
  • Outro truque maldito das madeireiras: um bom projeto de telhado vai incluir medidas rigorosamente especificadas e de certa forma padronizadas para as vigotas, mas no mercado você vai se deparar com a maioria das lojas vendendo apenas vigotas cortadas em medidas ligeriamente menores do que esse padrão. Óbvia mutreta para fazerem a madeira render mais. E, acredite, cada centímetro de espessura faz uma diferença BRUTAL na resistência da madeira. Não aceite medidas menores, não caia em papo de vendedor do tipo “ah, essa medida ninguém trabalha mais, agora só tem essa aqui” ou “pode levar que não vai fazer diferença!”, e só aceite uma medida diferente se for para mais, ou seja, maior. Certamente vai sair mais caro, mas se você não fizer isso será enorme a probabilidade de que em 6 meses ou menos seu telhado fique completamente envergado.
  • Se os recursos permitirem, vale a pena comprar a chamada subcobertura, que é uma manta aluminizada colocada entre o madeiramento e as telhas. É coisa cara, mas serve para isolar o calor e, principalmente, impede goteiras causadas por deslocamento das telhas. Se o dinheiro estiver curto, pode-se usar lona, que não é a mesma coisa mas é melhor do que nada.
  • O telhado pode ser extremamente caro, especialmente em casas térreas. É altamente recomendável que, depois da última telha colocada, você dispense o pessoal por uns meses, deixe a obra parada, termine de pagar o material e só retome a construção depois que refizer as economias.

{mospagebreak title=Canos e caixinhas}

Instalações

Depois de gastar uma boa grana com ferro e cimento para a fundação, essa é a próxima etapa que come dinheiro. As paredes são “rasgadas” para a instalação dos canos, dos registros, das caixinhas de tomadas. O material não é tão caro assim, vá lá, mas também não é baratinho como tijolo, e quem quer fazer uma casa que preste não pode abrir mão de usar materiais da mais alta qualidade possível — não tem coisa pior do que ter que quebrar parede para trocar um registro, consertar cano que rachou, essas coisas. Se é que vale a opinião, lá vai: tubulação pra mim é Tigre ou Amanco/Fortilit, registro é Deca ou Tigre!

Essa fase é uma das mais chatinhas. O mestre de obra NUNCA vai te dizer exata e precisamente o que você precisa comprar. Depois que você chegar da loja com o material, ele vai olhar pra você e perguntar “você comprou a luva de 100?”, e você vai querer esbofetear o miserável porque ele nunca tinha falado de luva nenhuma. Por mais que o engenheiro RT ou você mesmo se esmere em calcular quanto vai precisar de cada coisa — luvas, joelhos de 90 graus, joelhos de 45 graus, registros, etc — sempre vai faltar alguma coisa na hora em que os caras vão montar os tubos. Fora que, não raramente, eles erram, e aí é difícil aproveitar alguma coisa de um trecho de tubulação que precisou ser cortado fora.

A solução? Faça logo um acerto prévio com o dono da loja de materiais de construção mais próxima da obra, ou com o fornecedor preferido do mestre de obra, para que, quando faltar alguma coisa em cima da hora, eles possam ir lá e pegar, para que você pague depois. Ou deixe que o mestre de obra pague e você se acerta com ele depois. É, tem que confiar, fazer o quê? O pessoal das lojas é compreensivo quanto a isso e não cria problemas. Eu apelei para algo mais preventivo: copiei para folhas de papel, em escala, as plantas baixas da cozinha e dos banheiros, e desenhei cada uma das paredes — é como se você tivesse desmontado uma caixa de papelão e estivesse olhando para ela do alto. Daí desenhei cada uma das saídas de água ou esgoto nas paredes, desenhei a tubulação, e tirei as medidas dentro da escala. Acho que é o mais próximo que se pode chegar do quantitativo de material final… Mesmo assim, não se esqueça de comprar canos e conexões com uma certa “margem” de sobra.

  • Comprar material bruto de água quente e fria (canos, cola PVC, joelhos, tês, válvulas de descarga, registros, plugs, material para a caixa d´água). Registros que controlam a água em todo um ambiente são de gaveta; as torneiras de chuveiro são registros de pressão. Por razões de tradição, os registros usam roscas com medidas em polegadas, enquanto os tubos de PVC (soldáveis com cola PVC, daí o nome “cola” para as conexões) já são vendidos com medidas em milímetros, e para ligar um com o outro é preciso usar adaptadores de rosca para cola. O registro de pressão precisa de um adaptador e uma luva LR (aquelas de plástico azul, que têm uma rosca de metal por dentro em uma das pontas); e o registro de gaveta leva dois adaptadores.

  • Não se esqueça de incluir nos cálculos dos tubos de esgoto (normalmente, os de 40mm) as colunas de ventilação, que devem partir da tubulação do chão até algum ponto de saída de ar sobre o teto da casa. Sem essas colunas, são grandes as chances de você ter um banheiro com aquele agradável aroma de… merda. Se o ar do sistema não tiver por onde sair, ele vai retornar pelos ralos, por exemplo.

  • Se isso já não foi feito, comprar as caixinhas de interruptores, caixinhas octogonais para iluminação de parede (altura simples), mais conduítes se necessário, quadro de distribuição de energia (normalmente de embutir, observar as entradas para conduítes) e quadro de telefone.

  • Definir e discutir amplamente com o mestre de obra e o instalador onde ficarão as tomadas, os interruptores e suas respectivas luminárias, saídas de antena de TV e telefone, pontos de interfone e alarme, etc. Não precisa ser tudo igualzinho ao projeto, mas é preciso deixar bem claras as alterações.

  • Definir os locais exatos das saídas de água, especialmente a altura delas, de acordo com o tipo de pia que será utilizado. Existem as torneiras de parede, que devem ser colocadas mais altas do que a pia, e as torneiras de mesa, que são instaladas na própria pia, ligadas à saída de água por uma mangueira apropriada, e por isso exigem que a saída de água fique mais baixa do que a pia. Nos banheiros, a válvula de descarga de embutir deve ficar a aproximadamente 100cm do piso.

  • Definir localização das saídas de esgoto nas paredes. A altura dos sifões depende da altura das pias: em pias de bancada com cuba embutida, a saída para o sifão fica a cerca de 60cm, e a distância entre o sifão e a bancada varia em torno de 20cm.

  • Conferir na planta a altura e o alinhamento vertical das saídas e torneiras de chuveiro (com posicionamento da caixinha de tomada). As torneiras do chuveiro devem ter uma altura em torno de 110cm. A saída do chuveiro fica entre 200cm e 210cm acima do piso — a não ser que haja jogadores de basquete na casa.

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Reboco

O reboco propriamente dito é uma mistura de cimento e areia (dos tipos rosa e lavada) que é mais fina e frágil que o concreto, que leva brita. Primeiro essa massa é salpicada na parede, formando o chapisco. Depois, grandes colheradas dessa massa são arremessadas com força na parede (uhuu!) para formar o emboço. E aí sim o pedreiro, com uma imensa barra retangular de alumínio (a régua), alisa esses bolões de massa para deixá-los completamente nivelados e lisos, formando o reboco.

A fase de instalação deve ser muito bem planejada e conferida depois de pronta porque quebrar reboco para mudar alguma coisa dá pena, e pode até dar muito trabalho se ninguém mais lembrar onde exatamente estava passando aquele maldito cano. Aqui é meio caminho andado para o acabamento, e já se deve começar a pensar nos revestimentos de parede que serão utilizados. É preciso caprichar na massa: um reboco que leve muita areia, para economizar cimento, fica frágil e farelento demais, o que, na prática, significará muita dor de cabeça na hora em que você quiser bater um prego na parede para colocar um quadro, por exemplo.

 

Esquadrias

Na fase de reboco você já precisa ter em mente uma parte do acabamento que quer para a casa. As esquadrias são um exemplo disso. É nessa fase que são instaladas as janelas e portais, em se tratando de esquadrias de metal, PVC ou madeira; ou são feitos os enquadramentos se você optou por janelas e/ou portas de vidro temperado (o popular blindex). “Enquadrar” uma janela é simplesmente rebocar a parte de dentro dela, deixando-a com um aspecto já finalizado, do jeito que ela vai ficar para receber a pintura e o vidro.

As portas internas, especificamente as de madeira, são compostas por diversos itens. Atualmente algumas madeireiras vendem kits de portas que são instalados de uma só vez na fase de acabamento, com espuma de poliuretano. Para usar esses kits, só é preciso deixar os portais enquadrados. Já no sistema tradicional (que ainda é mais barato), é na fase do reboco que você precisa comprar e instalar os portais, apenas eles — comprar as portas em si e os alisares (as molduras que ficam em torno dos portais) é arriscado, pois eles podem pegar sujeira, mofo e umidade enquanto não chega a fase de acabamento, que é quando eles realmente são instalados. Decida desde já se suas portas, e os respectivos portais e alisares, serão pintadas ou envernizadas: se você quer manter a tonalidade natural da madeira, será preciso instalar os portais já selados e envernizados, para que o cimento não cause manchas. Na hora de comprar verniz, será preciso escolher entre brilhante e fosco, e também entre o tipo comum (também chamado de “Copal”, sei lá por quê) e o tipo marítimo (mais resistente e fundamental para áreas que recebam chuva ou muita luz direta do sol). E não se esqueça de comprar os pregos, que serão fincados nos portais para fixá-los à alvenaria.

Para as esquadrias de metal, a recomendação é comprar tudo de uma vez, se for possível. Assim, você poderá negociar um preço mais baixo, e principalmente poderá comprar todas as portas e janelas de uma mesma linha estética. As esquadrias de alumínio são bem leves, não enferrujam e precisam de pouca manutenção, mas são mais caras do que as de ferro (aproximadamente o dobro ou triplo do preço), e pelo fato de poderem manchar em contato com o cimento, e também por normalmente terem espessura menor do que as de ferro, exigem que a mão-de-obra já tenha experiência com elas — não é qualquer zé ruela que pode mexer com alumínio, em outras palavras, e por isso antes de comprar já pergunte ao mestre de obra se ele tem o conhecimento necessário. Por outro lado, as janelas e portas de ferro, relativamente baratas, mais fáceis de instalar e em grande variedade de modelos e medidas, exigem pintura impecável para que não se enferrujem com facilidade (o que invariavelmente vai acontecer em algum momento).

O vidro temperado é uma opção não exatamente barata, até porque vai exigir a instalação de cortinas e/ou persianas posteriormente, mas dá um visual moderno que vem sendo muito utilizado. As portas e janelas de blindex não permitem furos ou cortes depois de prontas, e por isso é fundamental que a própria empresa fabricante/revendedora mande alguém na obra para tirar as medidas, depois que os enquadramentos já forem feitos (ou até mesmo depois da pintura, se possível). E atenção a um detalhe — as janelas de blindex normalmente usam para-peitos (ou peitoris), de mármore ou granito, e muita gente gosta de usar molduras externas ao redor delas. Pois bem: depois do requadramento, já chame a empresa que vai fazer e montar essas molduras (para o exterior, elas devem ser de concreto, e não de gesso). Depois que elas estiverem instaladas, chame a empresa vendedora dos peitoris, para que um revendedor tire as medidas já somando a espessura das molduras à espessura das paredes (o ideal é que, no lado de fora, o peitoril ultrapasse a moldura em 0,5cm ou um pouco mais). E só depois chame o vidraceiro, que levará mais uns 15 dias para entregar o material sob medida. Não cometa o vacilo que eu cometi, de comprar os peitoris antes das molduras, o que me obrigou a exigir que o produtor das molduras as fizesse mais finas que de costume.

  • Jamais, de jeito nenhum, sob qualquer hipótese, nem a cacete caia naquela velha idéia de fazer o reboco com areia saibrosa, também chamada simplesmente de saibro. Para quem não conhece, é um tipo de areia argilosa, bem clarinha, constantemente úmida. Misturar isso ao cimento é uma técnica antiga e infelizmente popular para fazer o cimento “dar liga” e grudar melhor na alvenaria. Mas meu tio Alexandre certa vez me ensinou: “meu filho, saibro é barro. O que acontece se você misturar barro no cimento? Estraga seu cimento”. É bem verdade e eis ainda uma outra explicação mais técnica: a areia saibrosa é rica em compostos orgânicos que um dia simplesmente apodrecem. Isto posto, é fácil concluir que em pouco tempo uma parede rebocada com saibro vai literalmente apodrecer e mofar. Não é mera teoria: um colega de trabalho, dia desses, estava se lamuriando por ter feito isso, e me dizendo que vai precisar desmanchar o reboco inteirinho e refazer. A receita certa para o reboco leva apenas areia lavada, areia rosa e cimento. Para dar liga e tornar o cimento mais plástico, uma boa dica é misturar gesso em pó ao reboco, o que também acelera seu endurecimento.

  • Comprar cimento, areia rosa, régua de alumínio, linha para nível. Também pode ser preciso comprar espátula e colher de pedreiro.

  • Comprar as bancadas que precisam ser chumbadas na parede — pias de granito e inox, por exemplo. Conferir a altura em que elas devem ficar.

  • Conferir de novo, antes da execução, as medidas e posição das esquadrias (altura das janelas e portas em relação ao teto, etc). Normalmente o ideal é que a parte de cima de todas as janelas e portas esteja nivelada, mas isso pode mudar de acordo com desníveis da casa. O importante é que não seja preciso quebrar tudo depois de pronto para colocar na altura certa!

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Piso e revestimentos

Você queria acabamento?? Aqui começa o dito cujo. Pode ir coçando o bolso porque aqui começa a parte mais cara da obra. Ou não. As opções são incontáveis, e muitas vezes materiais bem simples podem se tornar acabamentos lindos quando passam por mãos devidamente habilitadas. Depende do seu gosto e da sua capacidade de aceitar (ou rebater) sugestões.

  • Comprar as soleiras das portas, que costumam vir em medida padrão (80cm ou 90cm de largura) e são cortadas com serra na própria obra. O resto depende do material adotado. No caso de cerâmicas, é preciso comprá-las com um excedente de uns 15%, porque se perde muito nos cortes para rodapé e ajustes, e é sempre recomendado guardar algumas peças para o caso de reparos e reformas, já que os desenhos e padrões oferecidos pelos fabricantes são mudados de tempos em tempos. Além delas, argamassa e rejunte. Os pedreiros sempre gastam mais argamassa do que o calculado pelos vendedores; portanto pode ser providencial levar um ou dois sacos a mais. Pode ser preciso comprar também juntas espaçadoras, de plástico e em formato de cruzeta, que mantêm o esquadro do piso e têm a espessura que se deseja para o rejunte.
  • Antes de ser colocado o piso de cerâmica, é feito um segundo contrapiso, num material semelhante ao reboco, que corrige as irregularidades e determina tanto a eventual inclinação do piso (o popular caimento) quanto o desnível que separa os cômodos ou ambientes. Antes da execução, definir e discutir com o pessoal da obra quais serão esses desníveis. E para testar a inclinação dos pisos, antes que a massa seque, usar bolas de gude ou algo similar.

  • No caso de piso de banheiro, é preciso não apenas fazer um rebaixo de pelo menos 1,5cm na área do chuveiro: se o banheiro tiver cobertura de cerâmica de meia-parede e apenas no box receber cerâmica por completo, é preciso também definir que tipo de fechamento será usado (box de acrílico, box de vidro temperado, cortina). O box de acrílico com esquadrias de alumínio tem cerca de 4cm de largura, e o emolduramento da área de chuveiro, proporcionado pela cerâmica, deve ter no mínimo essa espessura (contada a partir do rebaixo do box no piso), para que não fique uma fresta entre a esquadria de aumínio e a parede sem cerâmica. Já o box de vidro temperado é menos espesso, e basta um emolduramento de pouco mais de 2cm.

 

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Pintura


Outra fase do acabamento, que pode ser igualmente cara ou até surpreender no preço. Pinturas texturizadas, que estão na moda, muitas vezes são mais práticas que a pintura tradicional, lisinha, porque podem dispensar a massa corrida. As possibilidades são inúmeras — e, engraçado, o bolso da gente não é infinito como os donos das lojas pensam. O jeito é ir pegando idéias legais nas casas dos outros e em revistas.

  • Para uma pinturinha básica, comum, a lista de materiais é extensa. As massas corridas não apresentam muita diferença entre as diversas marcas; já as tintas devem ser escolhidas com mais cuidado. Tetos normalmente levam tinta fosca não-lavável, e em interiores é comum a pintura lisa com tinta semi-brilho lavável. Além desse material básico, comprar também rolo anti-gotas, rolo comum, lixas 180 e 220, thinner, pincéis de ¾ e de 1½, impermeabilizante externo, máscaras de rosto para a fase de lixamento da massa corrida, e fita crepe para proteção de áreas que não devem sofrer pinturas (especialmente em caso de reforma).

  • Para o exterior da casa, é bom passar impermeabilizante nas paredes antes da pintura definitiva. Meu mestre de obra me convenceu a usar Vedapren Branco, o que causou estranheza nas lojas de tintas, porque normalmente isso só é usado em lajes. É que ele é mais grosso que o Vedapren normal e forma uma espécie de película emborrachada. Esse impermeabilizante pode fazer as vezes de pintura mesmo, branca, enquanto não se aplica a pintura definitiva.

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Montagens

Ok, o nome pode não ser o mais apropriado. Mas essa é a fase de terminar a casa: colocar as portas, as janelas, as louças do banheiro, as torneiras, essas coisas. Essa fase rivaliza com a dos pisos em termos de custo, e você já pode se considerar um vencedor se conseguiu chegar até aqui sem vender as calças. Opções aos milhares, e você até pode abrir mão de um pouquinho de qualidade em prol do preço — por exemplo, uma torneira de banheiro que possa ser trocada facilmente não precisa necessariamente ser da Deca, que é apontada como o supra-sumo do mercado brasileiro em termos de hidráulica, e por isso copiada por todos os fabricantes. Essa fase, definitivamente, vai do gosto e do bolso de cada um…

  • Comprar as portas e os alisares (molduras), se não foram comprados juntamente com os portais na fase do reboco. Além dessas peças, é preciso lembrar das dobradiças (evitar as de aço galvanizado, que se enferrujam; prefira as cromadas), fechaduras, pregos pequenos e sem cabeça para prender os alisares, cola de sapateiro para os laminados de acabamento das portas de madeira, tinta para as portas pintadas, selador e verniz para as envernizadas, e mais um pincel de 2 polegadas. Podem ser necessárias, caso o instalador das portas não tenha todas as ferramentas, uma broca chata para os furos das dobradiças e uma serra-copo para a abertura dos buracos para fechaduras.

  • Se as janelas e portas não são de vidro temperado, que já deveriam ter sido encomendadas na fase do reboco, é a fase de encomendar os vidros para as esquadrias de metal ou madeira.

  • Banheiros: comprar torneiras e acabamentos de registros (todos da mesma linha em cada cômodo), acabamentos de válvula de descarga, engates flexíveis (as mangueiras) para as torneiras de bancada ou coluna, ducha higiênica, sifões, válvulas de pia (ralos), canos de chuveiro. Lembre-se de comprar as peças de hidráulica de acordo com as saídas de água e esgoto que foram escolhidas na fase de instalação — por exemplo, sifão + válvula de ralo, torneira + engate flexível + rosca da saída de água, cano de chuveiro + rosca de saída de água, etc.

  • Também no banheiro: comprar as louças. Para a fixação de vaso sanitário, pias presas à parede e colunas de pias, é preciso comprar também parafusos especiais (8mm ou 10mm) e uma broca para concreto com o mesmo diâmetro. Para o vaso, também é preciso o anel de vedação (de massa, descartável; ou de silicone, reaproveitável). O acabamento também exige gel de silicone para vedar as frestas.

  • É hora de comprar o tanque de lavar roupa, caso ele seja preso à parede, e as mãos francesas (suportes) caso sejam necessárias. Mesmo que o tanque já tenha sido instalado antes — no caso de tanque de embutir na parede, como pias de cozinha — , também é hora de comprar torneira, acabamento do registro da área de serviço, válvula de ralo e o respectivo sifão com rosca do mesmo diâmetro (em pares, no caso de tanque com mais de uma cuba). Quando há só uma saída de esgoto para as duas ou mais cubas, pode-se usar um tubo corrugado que une os dois ralos em uma só saída, mas é recomendável o uso de um sifão, ou a ligação a uma caixa de sabão externa (equivalente à caixa de gordura), para evitar que o mau cheiro da tubulação de esgoto retorne pelo ralo.

  • Para a cozinha, além dos já conhecidos kits de torneira, válvula-ralo, sifão e acabamento de registro, também já se pode comprar a mangueira de gás com respectivas braçadeiras, triturador de lixo, e o fogão e/ou forno de embutir.

  • Conferir, antes da instalação, as alturas e níveis em que as bancadas e pias serão instaladas.