Churrasqueira Mondial Weekend II

Churrasqueira Mondial Weekend II montada em seu suporte
Padrão

Churrasco de verdade é na lenha ou no carvão, e ponto final. Mas uma grelha (tá, uma “churrasqueira”) elétrica pode quebrar um bom galho pela praticidade. Depois de muita pesquisa, comprei uma Mondial Weekend II. “Made in China”, peca nos detalhes de acabamento — mas funciona bem e o preço estava ótimo.

Não há muita diferença entre as churrasqueiras elétricas mais baratas, essas de bandeja e resistência com uma grelha em cima. Vendidas no Brasil por diferentes marcas, muitas parecem ser do mesmo fornecedor chinês, com mudanças bem pequenas de acabamento.

Achei que seria interessante escolher um modelo com suporte próprio e encontrei a Mondial Weekend II no site da Novo Mundo por R$ 126, em um sábado de abril de 2017. Bateu as lojas da própria marca e todas as outras do Conjunto Nacional. As informações de envio da loja foram bem esparsas e insatisfatórias, mas no sábado seguinte a encomenda foi entregue, quase na hora do almoço. Por coincidência eu já tinha descongelado uns bifes de picanha que iriam para a frigideira logo logo.

O pequeno folheto de instruções diz muito sobre cuidados no uso de uma churrasqueira elétrica, mas diz quase nada sobre a montagem do suporte. Que me fez imaginar que, se o produto fosse vendido nos EUA, seria muito mais prática. É preciso usar quatro parafusos com cabeças sextavadas e porcas borboletas para montar as pernas do suporte. É meio chato, mas dá para fazer com as mãos mesmo.

Já a bandeja inferior da churrasqueira precisa de quatro pés plásticos que são fixados com parafusos pequenos e aí é indispensável uma chave de fenda ou Phillips. Os furos para a fixação são extremamente apertados e deixam os parafusos meio tortos. Ainda por cima, não há sequer menção a esses pés e muito menos sobre o posicionamento correto deles no folheto de instruções. É neles que devem se encaixar as pernas do suporte. Na primeira tentativa os coloquei todos virados para o mesmo lado, mas o “desenho” inferior desses pés não permitiu o encaixe das pernas do suporte. Tive que remover os pés de um lado da bandeja, girá-los e só então consegui um “encaixe” bem sem vergonha.

Encaixe entre pernas do suporte da Weekend II e a bandeja externa

Os pés plásticos da bandeja inferior são difíceis de fixar, mal documentados e proporcionam um encaixe menos que satisfatório nas pernas do suporte

A montagem do suporte tomou cerca de 40 minutos. Se a Mondial tiver um bom relacionamento com o fornecedor chinês de suas churrasqueiras, bem que poderia negociar um suporte mais prático. Encaixes e travas relativamente simples poderiam facilitar e acelerar todo o processo. Os pés da bandeja poderiam ser fixados por rosca, por exemplo, e os pés poderiam ser telescópicos com mecanismos de trava, como os usados em tripés fotográficos. Fora que a embalagem do produto poderia ser um pouco maior para que fosse possível guardar de volta o conjunto sem necessidade de desmontá-lo todo novamente: os pés de plástico fixados na bandeja deixam o conjunto da grelha na mesma altura da caixa, praticamente impossibilitando que as outras peças sejam guardadas.

Ao churrasco

Um ponto fundamental nas churrasqueiras elétricas é a temperatura, diretamente proporcional à potência da resistência aquecedora. Sem calor suficiente, não é possível “selar a carne”, isto é, fazer com que se asse rapidamente a camada externa da carne para que os líquidos do interior não comecem a escorrer e secar.

Para carnes como picanha em fatias grossas, o calor deve ser forte o suficiente para fazer esses líquidos começarem a sair pelo alto (o que alguns churrasqueiros chamam de “fazer a carne chorar”). É esse o momento de virar a carne na grelha para deixá-la mal passada por dentro. Em mais alguns 5 a 10 minutos, o outro lado já deve estar devidamente selado e a carne pronta para servir.

A Mondial Weekend II tem potência máxima de 2000W na versão de 220V, como a que usei, e 1800W na versão de 110V. A resistência tem um controle de temperatura que eu deixei o tempo todo no máximo, com a grelha na posição mais baixa das duas possíveis. Havia um pouco de vento frio no local de instalação, mas era possível sentir uma boa temperatura à distância. Depois de ligá-la pela primeira vez e deixar ir embora aquela fumaceira causada pelos esmaltes industriais na resistência elétrica, a deixei esquentar por mais um tempo antes de colocar as carnes na grelha. Uma nota: o cabo de energia é muito curto e pode dificultar o uso em alguns lugares.

Linguiças calabresas pequenas em um espetinho assaram rapidamente. Os bifes de picanha, em cerca de sete minutos, começaram a “chorar”, mas bem pouquinho e só nas partes mais finas. Ainda assim, foi possível virá-los, deixar assar por mais um tempo e então cortar a carne para descobrir que ela estava mais assada por fora e ainda rosada, “no ponto para mal”, por dentro.

Cortes de linguiça e picanha assados em prato

Mini-calabresa de petisco e bifes de picanha ficam prontos rapidamente

Um pão de alho diretamente saído do freezer ficou satisfatoriamente assado em menos de dez minutos.

Limpeza

As peças não demoram muito para esfriar depois que a churrasqueira é desligada. O manual recomenda reiteradamente que é preciso manter sempre com água a bandeja interna, de alumínio. Não é claro o motivo disso, mas com certeza facilita bastante a limpeza. O alumínio “bruto” da bandeja fica manchado muito facilmente, e é preciso usar um produto próprio “limpa-alumínio”, e muita esfregação de bucha, para remover as tais manchas.

Já a grelha metálica cromada, aparentemente de aço inox, foi surpreendentemente fácil de limpar. Pelo menos enquanto está nova, é bem lisa, o que dificulta aderências teimosas.

A nota mais negativa no momento da limpeza (antes também) é a desmontagem do conjunto controle e resistência, fixado à bandeja exterior por um parafuso longo (mais um…), de cabeça Philips redonda, do qual apenas a ponta se prende no furo do controle de temperatura. É evidente e mais que compreensível o propósito de somente evitar que a resistência fique completamente solta na bandeja, o que poderia causar acidentes graves. Mas isso parece um reles “gato” mal engendrado. O parafuso é tão debilmente fixado ao furo que sim, é possível tirá-lo com os dedos, mas isso não é nada prático na hora de limpar o conjunto, e é fácil deduzir que com certeza o tal parafuso será perdido em algum momento. No mínimo, a Mondial deveria ter providenciado um parafuso com cabeça borboleta. Idealmente, deveria ter bolado um sistema de engate rápido.

Parafuso comum entre bandeja externa e controle de temperatura da Weekend II

Um parafuso comum liga a bandeja exterior ao controle: pura complicação na desmontagem

Uma surpresa desagradável se somou às constatações sobre o acabamento do produto: ao limpar o controle da resistência elétrica apenas com um papel toalha, para tirar a gordura respingada, percebi que a logomarca da Mondial já estava se apagando.

Logomarca quase apagada da Mondial após primeira limpeza da churrasqueira Weekend II

Basta um papel toalha para tirar a gordura e a logomarca da Mondial: falta cuidado no acabamento

Avaliação geral

A Weekend II da Mondial faz o que se espera de uma “churrasqueira” elétrica. É um bom quebra-galho para quem não tem churrasqueira em casa ou não quer ter todo o trabalho e a demora envolvidos no uso da churrasqueira tradicional. Em lojas “reais” os preços dela e de concorrentes semelhantes estava em torno de R$ 180,00 quando a encontrei na internet por R$ 126. Claro que quanto mais barato melhor, mas em qualquer situação é um preço bastante razoável.

Não, não é a mesma coisa que um bom braseiro numa churrasqueira tradicional, mas o calor foi suficiente para selar razoavelmente a carne e confirmar que a Weekend II foi um bom negócio. Só o que falta para que se torne um excelente negócio é um pouquinho mais de engenharia e praticidade na montagem do suporte e do conjunto da grelha. Na versão sucessora (que não é a Weekend III, já no mercado, que não tem suporte), a Mondial poderia, com pouco custo, chegar a um produto campeão.

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