Bar – Segundo Clichê

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Segundo Clichê

Categoria: Bar

Localização: 107/108 Norte (rua da Discoteca 2001)

Data da visita: Sábado, 13 de maio de 2006.

Preços de referência: Caipirosca a R$ 5,50.

Freqüência: Longe de ser dos mais cheios, pelo contrário, é um bar para pouca gente. Aparentemente, turminha dos 23 aos 45 anos, em grupos de amigos ou em encontro de casais. Pode até rolar uma azaração, mas não é bem o propósito do ambiente.

Atendimento: bom. 

Observações: As cadeiras são um tanto desconfortáveis e cansativas, mais precisamente por conta do encosto. A música ambiente é baixa e não atrapalha a conversação.Boa variedade de bebidas, com destaque para as cachaças.

Bar – Bar do Luiz

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Bar do Luiz

Categoria: Bar 

Localização: 513 Sul, virado para a avenida W2

Data da visita: Domingo, 14/05/2006

Preços de referência: Caipirosca a R$ 5,00; Malzbier Antarctica (long neck) a R$ 2,50.

Freqüência: Perto do violeiro havia uma mesa de senhores de idade. Não deu pra ver se havia na mesa dominós ou um tabuleiro de damas. Na média, terceira idade.

Atendimento: Dois garçons. Um bocado lento, levando-se em conta o tamanho do boteco.

Observações: Um reles Apracur já seria suficiente para que a cerveja não ficasse mais sequer resfriada. Do toucinho, esperava-se pêlos. Quem comeu uma porção de filé (?) a palito disse que estava muito bom, apesar da cara não muito convidativa. Atenção especial para o FANTÁSTICO quadro de fotos na parede.

Diálogo de um Rorizista

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O mais curioso é o dito cidadão — um cara gente boa e divertido, inclusive, conhecido poucos minutos antes — diz que vai votar em Heloísa Helena, do PSOL, para a Presidência da República; "porque ela mete o dedo na cara dos outros e eu quero ver se ela vai se manter assimn cimbativa se for presidente". Um cara que se diz decepcionado com o governo Lula, que diz que esperava muito mais, e que ficou decepcionado com o fisiologismo do PT. Mas isso é Brasil, isso é Brasília, onde amiúde o discurso se transforma completamente quando a política em questão se mistura com os interesses pessoais. O que o interlocutor diz é exatamente a mesma coisa que já ouvi várias vezes em outras eleições.

Não posso dizer que esse diálogo está reproduzido "sem tirar nem pôr", mas posso garantir a parte do "sem pôr". Já o "sem tirar", além da questão editorial, obviamente eu não estava a serviço, não estava anotando nada e principalmente não sou santo para ir a um boteco no sábado à noite e não tomar umas. A essência está toda aqui, com certeza. Minha participação no diálogo está em negrito.

 

— Assim, aqui em Brasília eu voto no PMDB, mas eu admito, isso é por interesses pessoais mesmo.

— Então explica.

—  Cara, eu tava na faculdade. Querendo trabalhar. Espalhei uns currículos por aí, falando com altas pessoas, e nada. Aí um dia meu pai falou comigo: "você quer mesmo trabalhar e parar de estudar?". Aí eu disse "quero trabalhar E estudar". Aí meu pai falou "peraí". Pegou o telefone e ligou pra um cara que é assessor direto do Roriz. Tipo, o Roriz não dá um passo sem perguntar pro cara se pode ou não. É o braço direito dele. Aí começou aquele papo de bróder mesmo, "e aí, como é que vão as coisas? e aquele negócio? etc etc". Depois da ligação, meu pai disse pra eu ir no outro dia, pela manhã, na administração do Lago Sul. Deixei o currículo lá, e pronto: no outro dia, tava lá no Diário Oficial minha nomeação pra secretário administrativo. Olha só, o maior empregão, logo de cara!

— Ahn…

— Aí tá. Depois, chegou o PT no governo, aí fui demitido. Então tá, né? Aí fui fazer outras coisas e tals. Passou um tempo, o PMDB voltou. Aí liguei pros contatos que eu tinha e perguntei "pra onde é que eu corro agora?". Aí um cara falou: "leva a sua carteira de trabalho amanhã no ICS" [Instituto Candango de Solidariedade, instituição onde há algum tempo houve um grande escândalo de corrupção, devidamente abafado pela imprensa local e pelo GDF de Roriz]. Cheguei lá, tinha uma fila enorme, mas rapidinho apareceu alguém chamando meu nome. Levantei o dedo e pronto, passei na frente de todo mundo, e já tava nomeado. Política é isso!

— Não é não. Não dá, eu sou idealista demais pra essas coisas. Isso aí é politicagem!

— Cara, eu sei que você quer me bater, mas pô, eu também pensava assim! Quando eu tinha uns 17, 18 anos, eu era PT. Só pra ser do contra! Mas e daí? Eles nunca me deram nada, e quando eu precisei de alguma coisa o PMDB me ajudou. Pra que que eu ia votar no PT?

— Hum. E aí?

— Aí eu comecei a trabalhar lá. Mas trabalhar mesmo, não era só chegar e deixar o paletó não. Tava ralando. Mas aí passei num concurso da Infraero. Tava lá, já me despedindo do pessoal, levei a carteira de trabalho pra dar baixa, expliquei que tinha passado no concurso e não podia acumular função. Mas aí o diretor de lá falou "nah, fica aí". E eu disse "mas não dá, pra ir pra lá eu tenho que sair daqui". E ele só falou "que nada, fica lá e aqui, ué. A gente dá um jeito". E pronto, aí fiquei nos dois…

— Ah, não, cara. Você me dá licença, eu acabei de te conhecer, mas isso é picaretagem! 

— Sim, não é certo não, mas eu não fiquei só como funcionário fantasma, não. Eu ia lá de vez em quando, continuei dando consultoria, fiquei como consultor.

— Mas não deixa de ser ilegal! Todo mundo reclama que o Brasil é isso e é aquilo, mas na hora de tirar proveito próprio faz esse tipo de coisa!

— Sim, eu concordo que é errado, mas política é isso, cara! Sabe aquele pessoal que fica agitando bandeira na rua? É tudo por esse mesmo motivo, é porque tem algum interesse particular. Por exemplo, eu te conheço agora. Vamos imaginar que a gente tenha alguma ligação política, e eu sou diretor de alguma coisa lá. Se eu estiver precisando de um cara que tenha o teu perfil e tals, e tenho a sua indicação por alguém que é da minha confiança, eu vou te contratar, ué. Mas também não vou pegar um cara que só tem ensino médio e vou colocar como jornalista.

— Sim, de certa forma isso é normal, é o que se chama de aparelhamento do governo pelo partido. O PT fez isso também e até demais, o que deu problema com os partidos aliados, que queriam cargos mas não havia vagas…

— Mas eu não sou filiado ao partido não, eu passo longe disso. Mas não vou ter pai pra sempre e eu tô ralando pra fazer meu próprio nome.

— Mas, porra, como é que você diz que vai votar na Heloísa Helena, e faz esse tipo de coisa, cara??

— Até quando ela vai ser assim, né? O PT também era todo idealista no começo e olhaí agora. Eu tenho um amigo que vai lá em casa e ele e meu pai ficam se sacaneando, um falando do PT, outro do PMDB. Um dia meu pai perguntou pra ele: "Por que que você é PT?". E o cara não tinha resposta.